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Cinco adultos viram réus e adolescente recebe punição da Justiça pela morte de Paulo Torres

Polícia apresentou, nesta quarta (6), dados do inquérito, finalizado em novembro. Corporação aponta que houve latrocínio, que é roubo seguido de morte
  • Categoria: Notícias Gerais
  • Publicação: 06/12/2023 15:48
  • Autor: Wilson Maranhão
Os seis suspeitos envolvidos no assassinato do juiz de direito Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, viraram réus e já estão sendo processados pela Justiça.

A informação foi divulgada pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) ao anunciar a conclusão das investigações, nesta quarta (6), em coletiva à imprensa, na sede da corporação, no Centro do Recife. 

O inquérito foi concluído no dia 30 de novembro, resultando no indiciamento dos criminosos. 
 
Todo os documentos foram remetidos ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
 
Os promotores deram parecer favorável aos autos e provas documentadas da investigação e remeteram a denúncia à Justiça.
 
O judiciário acatou e abriu o procedimento para processar todos os seis suspeitos. 
 
De acordo com a polícia, todos os seis suspeitos foram indiciados pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte).
Quatro deles foram autuados por envolvimento direto no assassinato, sendo três adultos e um menor. 

Os demais dois suspeitos foram indiciados por participação no latrocínio, além de associação criminosa, receptação e adulteração do veículo utilizado pelo grupo para realizar o assalto que culminou na morte do magistrado.

A polícia apontou o autor do único disparo que matou a vítima. É um jovem de 21 anos, que já possui histórico na polícia ao responder processos por tráfico de drogas e roubo. 
 
Ele foi preso no dia 7 de novembro, após cumprimento de mandado de prisão preventiva à pedido da polícia, e não teve o nome divulgado. 

Segundo os investigadores, todos os suspeitos são integrantes de uma organização criminosa que atua na prática de tráfico de drogas, homicídios e roubos na cidade do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR).  

Além disso, os investigadores descartaram a hipótese de que o crime estaria ligado ao exercício da função do magistrado. 
 
Assim, cravaram  que a intenção dos criminosos era roubar o veículo utilizado pelo juiz, um modelo WR-V, da marca Honda. 

Os seis suspeitos já respondem no processo que corre na 1º Vara Criminal de Jaboatão dos Guararapes, onde o crime aconteceu. 
Dos seis suspeitos, um deles é o adolescente de 17 anos, que já foi julgado pela Vara da Infância e Juventude.
 
O judiciário decidiu pela sua internação em uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Funase). 

Os demais seguem presos preventivamente, ficando à disposição da Justiça e recolhidos no Centro de Observação e Triagem Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife.

Entenda o caso

O assassinato aconteceu no dia 19 de outubro. O magistrado morreu após ser atingido por um tiro disparado por um dos suspeitos. 
 
O crime aconteceu na Rua Maria Digna Gameira, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). 

O local fica a 300 metros onde o magistrado morava com a esposa e filhos.
 
Ele foi assassinato durante uma tentativa de assalto. Ainda de acordo com a polícia, a vítima levou um tiro na nuca,

O que diz a polícia 
Os investigadores da 12ª Delegacia de Homicídios (DPH) de Jaboatão concluíram que o disparo que matou o juiz Paulo Torres foi motivado em decorrência da ação do magistrado de tentar fugir da ação dos criminosos. 

Segundo a polícia, o assalto que resultou na morte do juiz não foi premeditado, sendo a vítima escolhida pelos suspeitos de forma ‘aleatória', tratado pela polícia como “crime de oportunidade”. 

“Eles (suspeitos) alegaram que a escolha foi aleatória, ao confessar que avistaram um idoso em um carro, com os vidros abaixados e acreditavam que teriam algum tipo de facilidade para efetuar o roubo. Tratamos de uma organização criminosa especializada em roubo de veículos, porte ilegal de arma e tráfico de drogas na região do Cabo de Santo Agostinho. Durante o inquérito comprovamos que a intenção deles era roubar o veículo do magistrado e não conseguiram efetuar o roubo, resultado no disparo que tirou a vida do magistrado”, explicou o delegado Roberto Ferreira, titular da 12ª DPH e responsável pelo inquérito. 

Segundo o investigador, o veículo em que os criminosos utilizaram para praticar o crime, um modelo Ônix de cor vermelha, da marca Chevrolet, foi roubado pela quadrilha no dia 3 de outubro, no distrito de Pontezinha, no Cabo de Santo Agostinho. 

A polícia conseguiu rastrear o automóvel e chegar a localização de três dos seis suspeitos, que foram presos em flagrante no dia 24 de outubro, em Enseadas dos Corais, também no Cabo, no momento em que realizava o “envelopamento” do veículo para que assim fosse adulterado com o intuito de não deixar pistas sobre o crime. 

Entretanto, peritos papiloscopistas do Instituto de Criminalística (IC) realizaram perícias no veículo e encontraram três vestígios de DNA que são compatíveis com a identificação genética de três suspeitos que participaram diretamente do assassinato do magistrado. 

Dias após, o adolescente envolvido no crime, se entregou à polícia acompanhado de uma advogada. Ele confessou a participação no caso e deu informações aos investigadores sobre a dinâmica do crime. 

Em seguida, os investigadores identificaram e prenderam os outros dois suspeitos, sendo um deles que dirigia o carro utilizado pelos assaltantes e o outro sendo o responsável pelo disparo que vitimou fatalmente o juiz. 


Perícia
De acordo com a perícia feita no local do crime, além da reprodução simulada feita pela polícia, foi comprovado que o juiz morreu após ser atingido por um disparo de um revólver calibre 38 que atingiu a nuca da vítima, na região do retro auricular esquerdo. 

Segundo o perito Betson Fernandes, responsável pela perícia do caso, o tiro foi fatal. Ele explicou como foi a dinâmica do crime. 

“Constatamos pelas perícias e reprodução simulada que a vítima foi abordada pelos suspeitos, tentou evadir ao engatar a marcha ré do carro e, neste momento, os autores obrigaram a vítima a parar. Nesse momento o veículo utilizado pelos criminosos também deu ré para emparelhar com o carro do juiz. Nesse momento que a vítima decidiu novamente engatar a marcha, o suspeito que estava do lado de fora, do lado esquerdo do condutor, disparou contra a vítima, sendo efetuado à curta distância”, detalhou o perito. 

Imagens de circuito de videomonitoramento de prédios ao entorno onde aconteceu o crime, na Rua Maria Digna Gameira, no bairro de Candeias, em Jaboatão, também foram analisadas por meio de recurso de processo de digitalização do conteúdo coletado. Essas imagens ajudaram na reprodução simulada feita pelo IC. 

Vídeo

Um vídeo enviado à reportagem do Diario de Pernambuco mostra imagens que foram gravadas pelo circuito de videomonitoramento de um prédio perto do local do crime, ocorrido na Rua Maria Digna Gameira, no bairro de Candeias, a 300 metros da casa do juiz.

Às 19h28, é possível ver o veículo modelo Ônix, de cor vermelha, da marca Chevrolet, no qual estavam os criminosos, interceptando o carro que o juiz dirigia, modelo WR-V, da marca Honda. Em seguida, dois suspeitos do crime descem.

Pouco depois, às 19h29, o carro onde estavam os criminosos dá ré e, em seguida, o veículo em que o magistrado estava acelera e colide com um muro.
 
Neste momento, o juiz já tinha sido atingido por um tiro na nuca. Ele morreu na hora. Exatamente às 19h30m05s os dois homens voltam ao carro onde estavam e fogem. 

Perfil

O juiz Paulo Torres Pereira da Silva tomou posse na magistratura do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), no dia 25 de abril de 1989, por meio do Ato 130/1989, publicado no dia 19 de abril do referido ano, no Diário Oficial da Justiça.
 
Ele foi nomeado juiz da corte pernambucana, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante, no Agreste do estado, iniciando o exercício de sua função no dia 26 de abril de 1989.
 
Em 1991, Paulão, como era carinhosamente chamado, assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro, no Sertão do estado. A partir do daquele ano, ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. 
 
Já em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes, na RMR. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho, também no Grande Recife.
 
A chegada à Comarca do Recife aconteceu em 1994. O magistrado atuou na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no 1º Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho, na Zona Norte do Recife.  Ele também atuou em outras varas. 

Fonte: Diário de Pernambuco